Passava das dez quando Jacira chegou em casa.
Encontrou Geni
na sala e notou logo que ela estava com a fisionomia preocupada.
- VocĂȘ nĂŁo me parece bem.
Aconteceu alguma coisa?
- Nada demais. Ă que de
repente me deu uma tristeza... NĂŁo sei por quĂȘ.
- Cuidado com a recaĂda.
Quer voltar a ser como antes?
- NĂŁo tenho nenhum motivo
para reclamar nem para me sentir triste.
- Mas vocĂȘ nĂŁo se esquece do
Neto nem do Jair.
- SĂŁo meus filhos. Sinto
saudades. NĂŁo dĂĄ para esquecĂȘ-los. Se vocĂȘ tivesse filhos saberia o que estou
sentindo.
Jacira colocou a mĂŁo no
braço dela e respondeu com voz suave:
- Eu entendo. Tenho me esforçado para descobrir o
paradeiro deles, mas nĂŁo consegui nada.
- Faz dois meses que estamos
indo Ă s sessĂ”es na casa de LĂdia. Maria LĂșcia tem estado bem.
- LĂdia
nos disse que a mĂŁe dela foi socorrida e levada para onde deve ficar.
- Estela tem recebido mensagens dos mentores que nos ensinam a
ficar no bem. Garantem que tudo que a vida faz Ă© para o melhor. Mas para mim
estĂĄ difĂcil aceitar isso - tornou Geni.
- Por
quĂȘ?
- Tenho
rezado, procurado fazer o meu melhor, mas nĂŁo tenho conseguido nada.
- NĂŁo
diga isso. Deus tem sido generoso com todos nĂłs. Temos saĂșde, trabalho, vivemos
com conforto, nada nos falta.
- Apesar
de tudo isso que vocĂȘ diz, eu tenho me perguntado: Por que estou sendo tĂŁo
castigada? Por que nĂŁo posso ter notĂcias dos meus filhos? O que eu fiz para
que eles me abandonassem e esquecessem?
Jacira
abraçou-a com carinho e respondeu:
- A
pergunta certa seria: O que a vida quer me ensinar com isso?
Qual é a lição que
preciso aprender para que eles voltem a meu convĂvio?
Geni fixou-a admirada e respondeu:
- Essa
situação não me ensina nada. Só me deixa triste e magoada.
- Ă
vocĂȘ que se magoa com a atitude deles. Cultivar a mĂĄgoa e a revolta nĂŁo vai
trazĂȘ-los de volta. Por que vocĂȘ nĂŁo tenta pensar neles com amor e desejar que
eles, onde estiverem, fiquem bem?
- Como
toda mĂŁe, eu os quero aqui, ao meu lado. Jacira ficou pensativa por alguns instantes, depois
respondeu:
- VocĂȘ
nĂŁo precisa ser como "toda mĂŁe". Talvez seja esse o motivo de eles
terem ido embora.
- Como
assim?
- Eu
sei que vocĂȘ os ama, mas ao entrar no "papel" de mĂŁe, acreditou que
deveria fazer tudo para eles. Pelo que me lembro, vocĂȘ era muito apegada,
controlava até o que eles pensavam.
- Eu
queria o bem deles. Tinha que cuidar para que nĂŁo se desviassem do caminho
certo.
- VocĂȘ
controlou tanto que eles acabaram indo embora.
- VocĂȘ
estĂĄ exagerando.
- VocĂȘ
fazia isso comigo também. Muitas vezes tive vontade de ir embora.
- VocĂȘ
nĂŁo faria isso! VocĂȘ nĂŁo!
- A
pressĂŁo que vocĂȘ fazia sobre mim era muito grande. Foi por esse motivo que eles
se foram.
- VocĂȘ
estĂĄ me culpando pela ingratidĂŁo deles?
- NĂŁo
a estou culpando. VocĂȘ queria saber por que eles nos deixaram.
- EstĂĄ
justificando a atitude deles. Acha certo nĂŁo darem notĂcias?
- NĂŁo.
Eu gostaria muito que tudo fosse diferente. Mas entendo que se eles nĂŁo nos
procuraram mais foi porque nĂŁo criamos com eles um vĂnculo de amizade.
- NĂŁo
concordo. NĂłs somos uma famĂlia. Eles deveriam nos respeitar. Nasceram de mim.
Eu os criei, perdi noites de sono, fiz o que pude para que crescessem com
saĂșde. Acho que merecia ser respeitada.
- Mas
as coisas nĂŁo funcionam assim. VocĂȘ se esquece de que nĂłs somos espĂritos
encarnados. JĂĄ vivemos outras vidas, trazemos necessidades a serem atendidas e
potenciais a serem desenvolvidos que vão além dos costumes e dos modismos da
sociedade.
A
voz de Jacira estava um pouco diferente, ela falava com suavidade e ao mesmo
tempo com firmeza. Geni nĂŁo
percebeu que o espĂrito de Marina, falava atravĂ©s dela. Sentia-se mexida,
emocionada. Jacira continuou:
- Quando
Deus reĂșne espĂritos na Terra formando uma famĂlia, o faz visando o bem de
todos. Alguns vĂȘm para vencer assuntos mal resolvidos de outras vidas, mas
todos, sem distinção, reencarnam
para desenvolver o autoconhecimento e aprender como a vida funciona.
- Quer
dizer que todos nĂłs jĂĄ vivemos outras vidas antes dessa?
- VocĂȘ
jĂĄ sabe que Ă© assim.
- Sei,
mas como poderia saber o que eles precisavam? Fiz o que pensei ser melhor.
EstĂĄ me culpando por tĂȘ-los amado demais?
- Eu
nĂŁo disse isso. Acontece que ao nascer, cada pessoa traz um plano de vida que,
se for cumprido, vai fazĂȘ-la dar um passo Ă frente, ser mais feliz. O problema
Ă© que vocĂȘ, como a maioria dos pais, tendo esquecido o que aconteceu em outras
vidas, deixou-se envolver pelas convençÔes do mundo e confundiu as coisas.
Achou que sabia o que era melhor para eles sem respeitar a vocação que
trouxeram e acabou dificultando o progresso que eles vieram buscar.
Geni ficou
pensativa.
Ela nunca tinha pensado nisso. Lembrou-se de
que muitas vezes se forçava para ser durona com eles acreditando que seria para
o bem. Começava a pensar que estava errada.
- Acho
que fiz tudo errado...
- NĂŁo
se condene. VocĂȘ fez sĂł o que pensou ser o melhor naquela Ă©poca. Mas agora vocĂȘ
jĂĄ sabe mais e poderĂĄ agir de maneira diferente.
- Do
que vai adiantar? Eles nĂŁo vĂŁo voltar mesmo...
- Pense
no que conversamos. Jogue fora suas mĂĄgoas. Sinta o amor que mora em seu
coração e quando se lembrar deles, abrace-os com carinho, como se estivessem
aqui. Vai se sentir muito bem. Onde eles estiverem sentirĂŁo o seu amor.
As
lĂĄgrimas desciam pelas faces de Geni que nĂŁo conseguia controlĂĄ-las.
Jacira
abraçou-a dizendo com carinho:
- Deus
a abençoe.
Permaneceram
abraçadas enquanto Geni soluçava
compulsivamente. Jacira
sentiu que fora o espĂrito de Marina quem estivera conversando atravĂ©s dela e,
emocionada, agradeceu em pensamento.
Geni se acalmou e disse sem jeito:
- NĂŁo
sei o que me deu. NĂŁo pude controlar-me.
- Ă
bom desabafar de vez em quando.
- Estou
envergonhada.
Jacira sorriu e disse:
- Deveria sentir vergonha do tempo em que se fazia
de vĂtima. Hoje vocĂȘ expressou um sentimento verdadeiro e merece respeito.
Geni suspirou, apanhou um
lenço de papel, enxugou o rosto um tanto corado pela emoção e disse:
- O que eu mais quero neste
mundo Ă© que os meninos voltem para casa. Ă sĂł o que falta para que sejamos
completamente felizes.
- NĂŁo podemos perder as
esperanças. LĂdia garante que eles ainda vĂŁo dar notĂcias.
- Espero que ela esteja
certa.
- Eu confio no que ela diz.
Estou cansada. Vou subir, tomar um banho e dormir.
- Seu pai ainda estĂĄ vendo
televisĂŁo, mas eu vou para o quarto rezar e pedir para que Deus os traga de
volta.
- Deus sabe o que precisamos
e atenderĂĄ na hora certa. Pense neles, sinta o quanto os ama e imagine que os
estå abraçando. Eles receberão suas energias onde estiverem.
Quando Jacira deitou-se,
lembrando-se
das palavras de Marina, mentalizou os irmĂŁos. Primeiro imaginou que estava
abraçando Neto e lhe mandando vibraçÔes de carinho e alegria, depois abraçou
Jair enviando-lhe pensamentos de carinho, pedindo-lhe que desse notĂcias.
Quando terminou, ouviu
perfeitamente a voz de Marina dizendo:
- Faça isso todas as
noites enquanto espera. Jacira agradeceu a ajuda que recebera e deitou-se.
Em alguns minutos
adormeceu tranquilamente.
Quinze dias depois, quando
Jacira chegou ao ateliĂȘ, encontrou Margarida a sua
espera:
- Ainda bem que chegou. NĂŁo
aguentava mais esperar.
- Cheguei no mesmo horĂĄrio
de sempre. Aconteceu alguma coisa?
Margarida
segurou-a pelo braço e fĂȘ-la sentar-se ao seu lado no sofĂĄ:
- Aconteceu,
sim. Ontem Ă noite, depois que todos saĂram, o Dorival apareceu de surpresa.
Veio falar comigo.
- SerĂĄ
que Ă© o que estou pensando? Finalmente ele se declarou?
- Como
assim? VocĂȘ percebeu?
- O
brilho dos olhos dele quando a via, os elogios...
- De
fato. HĂĄ algum tempo eu percebia que ele estava interessado, mas eu nĂŁo queria
me iludir. Uma vez na vida foi o bastante.
- Mas
vocĂȘ tambĂ©m estĂĄ interessada nele.
- NĂŁo
sei até que ponto. Quando ele estå aqui, fico tensa, sinto muito a sua
presença. Tenho procurado resistir, mas quando ele chega, fico eufórica.
Jacira
riu bem-humorada:
- Confesse
que vocĂȘ estĂĄ apaixonada!
- NĂŁo.
Eu nĂŁo quero.
- Mas
seu coração diz o contrårio.
- HĂĄ
momentos em que fica difĂcil de resistir. NĂŁo quero me iludir e sofrer de novo.
- Ele
a pediu em namoro?
- Ele quer se casar comigo. Jacira bateu palmas com
alegria:
- Casamento?
Que maravilha! Naturalmente vocĂȘ aceitou.
- Ainda
nĂŁo lhe dei a resposta. Tenho medo.
- De
quĂȘ? Dorival Ă© um homem maduro, inteligente, instruĂdo, bom pai, carinhoso,
honesto, alĂ©m disso, viĂșvo. VocĂȘ estima Marta como uma filha, ela e Marinho se adoram.
O que estĂĄ esperando para dizer sim?
- VocĂȘ acha mesmo?
- Acho.
Se vocĂȘ gosta mesmo dele, nĂŁo hĂĄ razĂŁo nenhuma para recusar. Penso que serĂŁo
muito felizes juntos.
Margarida
abraçou-a radiante:
- Prezo
muito sua opiniĂŁo. VocĂȘ Ă© minha melhor amiga. Depois que nos conhecemos minha
vida se transformou. Nunca poderei retribuir o que fez por mim.
- Na
verdade, vocĂȘ fez muito mais por mim do que eu por vocĂȘ. Somos mais do que
irmĂŁs.
Ester
chegou, elas lhe contaram a novidade e ela considerou:
- Eu
sabia que ele nĂŁo ia demorar a se declarar. Finalmente! Agora sĂł resta correr
os papéis e marcar a data.
- E eu
que pensava que estava sendo discreta... Que vocĂȘs nĂŁo haviam notado nada...
As
duas abraçaram Margarida ao mesmo tempo com carinho e alegria.
Quando
Marinho chegou do colégio, Margarida conversou com ele sobre o pedido de
casamento e finalizou:
- Sua
opiniĂŁo Ă© muito importante para mim. Acha que devemos aceitar?
- Eu
sempre quis ter um pai. No colĂ©gio todos os meus amigos tĂȘm pai, eles vĂŁo lĂĄ
quando tem festa. Se vocĂȘ se casar, ele vai ser meu pai?
- Vai.
Ele gosta muito de vocĂȘ.
- Eu
também gosto dele.
Marinho
beijou a face da mĂŁe e continuou alegre:
- Eu
agora tenho um pai! NĂŁo sou mais ĂłrfĂŁo. Os olhos de Margarida marejaram e ela o
abraçou
feliz.
- Marta vai ser minha irmĂŁ!
Que bom! NĂłs vamos morar juntos na mesma casa?
- Certamente.
Seremos uma famĂlia completa.
- NĂŁo
vejo a hora que esse casamento saia! Margarida ligou para Dorival convidando-o
para ir
Ă
noite conversar sobre o pedido:
- Estou
ansioso. NĂŁo pode me adiantar o que decidiu?
Ela
fez uma pausa, depois disse:
- Estou
pensando em aceitar.
- VocĂȘ
nĂŁo sabe como me faz feliz!
- Precisamos
conversar.
- Pode
esperar. Uma hora depois, Dorival apareceu no ateliĂȘ, com
Marta
e um buquĂȘ de rosas. Vendo-o chegar, Margarida, apanhada de surpresa, corou de emoção:
- Eu o
esperava Ă noite!
Ele beijou-a levemente na face, entregou-lhe
as flores dizendo:
- NĂŁo aguentei esperar! Ontem ao chegar em
casa falei com Marta que ficou muito feliz com a notĂcia! Queria que vocĂȘ soubesse.
Jacira abraçou os recém-chegados,
felicitando-os pelo compromisso, e sugeriu:
- Por
que nĂŁo vĂŁo conversar lĂĄ em cima? VocĂȘs tĂȘm muito que planejar.
- Ă
verdade. Quero casar o mais breve possĂvel. NĂłs nĂŁo somos jovens, temos uma
posição definida, não hå por que esperar.
Eles
subiram e Jacira acompanhou-os com o olhar. Ela também gostaria de encontrar um
amor. Desejava sentir essa emoção maravilhosa que causa tanto prazer. Seu
relacionamento com Nelson nĂŁo lhe proporcionara esse sentimento.
Reconhecia
que seu aparecimento servira apenas para que ela descobrisse que poderia
encontrar alguém que a amasse de verdade.
Estava com quarenta e trĂȘs anos e
nunca havia amado. Intimamente se perguntava se aconteceria um dia.
Uma
hora mais tarde, Marta desceu e procurou Jacira, rosto corado, olhos brilhantes, pediu:
- Dona
Margarida estĂĄ pedindo para a senhora e d. Ester subirem.
As duas amigas se entreolharam sorrindo,
e Jacira respondeu:
- NĂłs
jĂĄ vamos.
Minutos
depois, quando subiram para a sala de Margarida, elas os encontraram diante de
uma bandeja, algumas taças e uma garrafa de champanhe no balde de gelo.
Margarida estendeu a mĂŁo
direita, onde no anular havia um anel com um belo brilhante, e disse sorrindo:
- Queremos comunicar que estamos noivos. Abraços,
parabéns, votos de felicidade. Em meio à s
exclamaçÔes de alegria,
Dorival abriu a champanhe e encheu as taças pedindo que cada um se servisse.
Levantou uma e com os olhos brilhantes de emoção disse:
- Hoje Ă© um dia muito feliz. Houve um tempo em minha
vida muito triste. Cheguei a pensar que nunca mais sentiria alegria, prazer de
viver. NĂŁo me julgava capaz de amar de novo. Para mim, a vida havia acabado.
Fez ligeira pausa e,
notando que todos o ouviam atentamente, continuou:
- Ao me tornar viĂșvo mergulhei no papel de vĂtima, olhando a vida de forma
pessimista. VocĂȘs me ensinaram que os desafios da vida fazem parte do nosso
amadurecimento. Que cada um tem um determinado tempo para viver aqui e terĂĄ
que partir quando chegar a hora. Com a nossa convivĂȘncia, tenho aprendido
muito.
Ele fez silĂȘncio por
alguns segundos, olhou em volta, e prosseguiu:
- Desde o começo, o sorriso amigo de Margarida, sua
alegria, fez-me aproximar mais dela. Co-nhecendo-a melhor, descobri nela todas as
qualidades que admiro em uma mulher. Estou feliz por ela ter me aceitado.
Juntos, nĂłs quatro, formaremos uma famĂlia, onde haverĂĄ respeito, entendimento
e muito amor. Esses sĂŁo os meus votos!
- E de todos nĂłs! - tornou Jacira.
- Que sejam felizes para sempre! - desejou Ester.
Margarida tinha permitido
que Marinho e Marta também brindassem com champanhe e eles estavam felizes sentindo-se mais adultos.
Marta, que estava ao lado
do pai olhando Marinho ao lado da mĂŁe, disse alegre:
- NĂłs agora somos irmĂŁos. Como eu sou a mais velha,
vocĂȘ terĂĄ de me obedecer. Ele nĂŁo se deu por achado e
respondeu:
- Nada
disso. Depois do meu pai, eu serei o homem da casa, e Ă© vocĂȘ quem terĂĄ de me
obedecer!
- Ninguém
vai mandar em ninguém - interveio Margarida. - Cada um vai respeitar o outro e
todos vĂŁo agir no bem. Dessa forma, estaremos sempre alegres e em paz.
- JĂĄ
marcaram a data do casamento? - indagou Ester.
- Dentro
de dois meses - esclareceu Dorival. - Eu queria antes, mas Margarida acha que
precisarĂĄ de mais tempo para arrumar tudo.
- Eu
vou programar essa festa! - exclamou Ester.
- SerĂĄ
uma festa simples - tornou Margarida. -Dorival sĂł tem um irmĂŁo que mora no
interior e eu, sĂł tenho alguns amigos.
- NĂŁo
importa o nĂșmero de pessoas. NĂłs vamos fazer uma festa bem linda! - assegurou
Ester.
- Isso
mesmo. O acontecimento merece! - completou Jacira. - Tenho um compromisso
agora. Um fornecedor chegou e estĂĄ me esperando.
- Eu
também jå vou descer - atalhou Margarida.
- Nada
disso. Hoje Ă© um dia especial. VocĂȘs precisam decidir todas as coisas. Eu e
Jacira daremos conta de tudo. Eu até jå aprendi a lidar com as moças da
oficina! - disse Ester com orgulho.
- Isso
mesmo - concordou Jacira. - Margarida tem o resto do dia de folga. NĂłs daremos
conta de tudo.
Elas
desceram comentando o acontecimento. As duas acreditavam que aquele casamento
seria muito feliz.
- SĂł
falta vocĂȘ!
Jacira pensou um pouco e depois respondeu:
- NĂŁo
creio que vai acontecer comigo. Acho que nĂŁo fui feita para o casamento.
Ester
lançou-lhe um olhar malicioso quando respondeu:
- NĂŁo
acredito! Toda mulher deseja viver essa experiĂȘncia! VocĂȘ nĂŁo Ă© diferente!
- O
fato de eu ter lutado muito para abrir caminho na vida e libertar-me do
domĂnio de minha mĂŁe, tornou-me muito independente. NĂŁo vou aceitar ninguĂ©m
querer mandar em mim, dizer-me o que devo ou nĂŁo devo fazer.
- VocĂȘ
estĂĄ se lembrando do Nelson. Nunca chegou a amĂĄ-lo.
- NĂŁo
mesmo. Nunca conheci o amor.
Ester sorriu, colocou a mão no braço dela, e
respondeu:
- Sua
hora ainda vai chegar. VocĂȘ Ă© uma mulher forte, ardente, bonita. Um dia
aparecerĂĄ alguĂ©m que vai se encantar com vocĂȘ e saberĂĄ lhe despertar o
verdadeiro amor.
Jacira balançou a cabeça pensativa e disse devagar:
- Pode ser, mas eu duvido
muito.
O
fornecedor jĂĄ estava esperando hĂĄ alguns minutos, Jacira foi atendĂȘ-lo e logo
esqueceu esse pensamento, dedicando-se ao trabalho.
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