No sábado, Jacira levantou-se multo cedo e foi à casa de Margarida. Fazia dois meses que elas estavam trabalhando por conta própria, queriam fazer contas e avaliar o progresso do negócio.
O volume de freguesas tinha aumentado e não
estavam dando conta de todo o trabalho. Pensavam em contratar uma pessoa para
ajudá-las. Jacira queria verificar o montante de despesas que lhes traria, se
tinham condições.
Antes
de sair de casa, surpreendeu-se vendo Geni aparecer na cozinha tão cedo, ela adorava dormir até
mais tarde.
- O
que foi, mãe, por que se levantou tão cedo?
- Você
vai trabalhar hoje?
- Vou.
- Então
não vamos sair para fazer compras?
- Vamos
sim. No fim da tarde estarei de volta e iremos ao supermercado. Não quer ir
comigo?
Geni hesitou um pouco, depois respondeu:
- Acho que vai dar. Hoje
acordei um pouco melhor Jacira disfarçou o sorriso e perguntou:
- Papai
está dormindo?
- Está. Ontem ele chegou em casa depois das onze. Hoje
só vai para o bar depois do almoço, mas vai ficar lá até a madrugada. Isso não
é vida! Ele é aposentado, não deveria ter de continuar trabalhando.
Depois, um
bar não é ambiente para ele. Enquanto isso, eu fico em casa sozinha. Você vem
cada dia mais tarde. O que farei se me sentir mal?
- Ele
não se queixa. Ao contrário. Está gostando muito de trabalhar para o Euzébio.
- Às
vezes ele chega em casa com as pernas doendo e vai fazer um escalda-pés. Está velho e não
consegue mais ficar correndo de um lado a outro servindo mesas.
- O
trabalho faz bem à saúde. Ele sente-se útil. Fica feliz em trazer dinheiro para
casa. Em vez de reclamar, você deveria apoiar e agradecer o esforço dele.
- Não
gosto de ficar sozinha o tempo todo. Nos fins de semana ainda é pior. No sábado
ele trabalha mais. Não tem descanso!
- Mas
eu percebo que ele gosta muito de ir para o trabalho. Está mais alegre,
disposto. Não parece tão cansado como você diz.
- Ele
não reclama, mas eu sei que está cansado. Você diz que está ganhando melhor,
nesse caso deveria dizer a ele que não precisa mais trabalhar. Ele está se
sacrificando por nós.
- Eu
não penso assim. Ele está mais alegre, disposto, ontem estava até cantando no
banheiro. Agora preciso ir.
- Vou
ficar a esperando para irmos às compras.
- Pode
esperar.
Durante
o trajeto para a casa de Margarida, Jacira foi pensando na conversa com a mãe.
Não era verdade o que ela dissera. Por que Geni sempre torcia as coisas? Seu
pai estava adorando trabalhar no bar do amigo.
Aprendera
rápido a servir as mesas, era respeitoso, gentil com os fregueses, e, além de
ganhar boas gorjetas, fizera novos amigos.
Ele
antes era muito sério, mas depois que começara a trabalhar naquele bar, mudara
muito. Jacira se divertia vendo-o imitar alguns fregueses, brincando com os
fatos que presenciava durante o trabalho.
A
vida deles começara a melhorar. Só Geni ainda continuava insatisfeita e infeliz. Precisava
fazer alguma coisa para que ela olhasse a vida de forma mais otimista.
Quando
chegou na casa de Margarida encontrou-a mais alegre. Recebeu-a com olhos
brilhantes, o que fez Jacira indagar:
- Você
está diferente, aconteceu alguma coisa? Margarida abraçou-a e respondeu:
- Aconteceu.
Dona Ester ligou dizendo que estaria aqui dentro de meia hora. Deseja nos
fazer uma proposta muito boa.
- Ela
é nossa melhor freguesa. O que será que ela quer?
- Não
sei. Mas falava com entusiasmo. Pedi para adiantar o assunto, mas ela disse que
só falaria pessoalmente.
- Vai
ver que tem alguma encomenda grande. Vamos ter de procurar uma ajudante o mais
depressa possÃvel.
- Outro
dia na feira, conversei com algumas amigas e já tenho duas mocinhas
interessadas em trabalhar aqui. As duas moram perto, o que vai facilitar tudo.
- Vamos
fazer as contas para ver quanto poderemos pagar.
- Vamos
contratá-las como aprendizes.
- Não
vai dar mais trabalho?
- É
melhor. Dessa forma posso prepará-las para fazer tudo do nosso jeito. Gosto de
ensinar e não me custa nada.
As duas sentaram-se, Jacira apanhou o caderno
em que registrava tudo e começou a fazer as contas.
No fim, sorriu satisfeita. Tinham ganhado
mais do que no mês anterior.
- Vou
separar um dinheiro para as despesas do próximo mês, deixar alguma reserva. O restante
vamos dividir entre nós duas.
- Tenho
vontade de comprar uma geladeira, a que
eu tenho ganhei de d. Itália quando ela comprou outra. Mas está muito velha e a
porta não fecha direito. E você?
- Vou
comprar roupas para mamãe. Quero ver se ela se anima. Está sempre reclamando de
tudo. Também, fica em casa o dia inteiro sem fazer nada. Em casa faz o menos
possÃvel.
- Isso
não é bom. O trabalho faz bem à mente. A campainha tocou e Margarida
apressou-se em
ir
atender. Pouco depois, voltou acompanhada de uma mulher de uns quarenta anos,
alta, loura, elegante.
Depois
dos cumprimentos, Margarida serviu um café e sentaram-se para conversar.
- Você
está muito bem, parece que remoçou! -comentou Margarida sorrindo.
- De
fato. Você me conhece há muito tempo.
- Desde
quando eu tinha o antigo ateliê.
- Sabe
tudo da minha vida. Quando meu marido foi embora com outra, foi com você que eu
me desabafei. Eu a considero minha melhor amiga. Quando eu estava casada,
vivia rodeada por amigas que desapareceram assim que descobriram que eu tinha
perdido aquele marido rico e me mudara daquela mansão para um pequeno
apartamento.
- Você
não perdeu nada. Elas eram interesseiras.
- Eu
sei. Mas você fez o que pôde para me ajudar. Animou-me a procurar trabalho e
seu apoio foi muito importante. Agora minha vida vai mudar e eu desejo que você
seja a primeira a saber.
- Esse
brilho de felicidade em seus olhos revela que essa mudança será para melhor.
- Eu
estou muito feliz. O diretor da empresa onde trabalho se declarou. Quer casar
comigo. Estamos tratando dos papéis do divórcio. Sabe que o João ficou furioso
com isso? Procurou-me e disse que queria reatar. E eu tive o prazer de dizer
não. Se ele está infeliz com a outra, é problema dele. Eu estou apaixonada pelo
Renato. Um homem bonito, elegante, gentil, que sabe valorizar uma mulher.
- É o
dr. Renato Dermazolli?
- Esse
mesmo.
- Ele
é um homem bonito e rico. O que acontecerá se o João se recusar a assinar o
divórcio?
- Renato
disse que vai procurá-lo e convencê-lo a evitar um processo litigioso. Pelo que eu sei, a empresa
dele não tem interesse em enfrentar um processo onde ele seria investigado.
Margarida
levantou-se dizendo:
- Uma
notÃcia dessas merece uma comemoração. Vou abrir um vinho para brindarmos.
- Antes
vou dizer-lhes o que estou querendo. Vocês duas são pessoas muito corretas,
esforçadas, trabalhadoras, as quais admiro muito. Vocês merecem ter sucesso. Eu
havia prometido a mim mesma que se algum dia tivesse condições iria ajudá-las.
Renato quer que eu me mude para a casa dele mesmo antes de o divórcio sair. Não
quer esperar. Eu aceitei. Ele mora em uma casa linda nos jardins e quer que eu
o ajude a mudar a decoração. Ontem fui até lá com ele. Pensei em vocês. A rua
onde vou morar seria ideal para vocês montarem um ateliê.
- Bem
que eu gostaria, mas não sei se estarÃamos em condições de dar um passo desses.
Não temos capital e o aluguel lá deve ser muito alto! - tornou Margarida.
- Seria
maravilhoso - aduziu Jacira. - Mas nós ainda não temos meios para tanto.
Ester
sorriu e seus olhos brilharam alegres quando respondeu:
- Renato
possui uma casa muito boa ao lado da que ele mora. Está vazia no momento. Ele
não estava querendo alugá-la de novo porque os últimos inquilinos, além de não
pagarem o aluguel direito, depredaram tudo. Então, falei em vocês. E ele disse que
vocês podem se mudar para lá. Dá para morar e montar o ateliê. Estou certa de que com a capacidade que têm,
poderão ganhar muito dinheiro.
Margarida olhou para
Jacira que estava tão assustada quanto ela.
- É um passo muito grande
para nós! - comentou Margarida.
- Ele disse quanto vai
querer de aluguel? - in dagou Jacira emocionada.
- Não vai lhes cobrar nada.
- Não é justo - tornou Margarida. - Não é direito.
-Por enquanto ele não vai lhes cobrar nada. Vocês
podem cuidar da casa, pagar o imposto predial e só. Penso que poderão arcar com
essas despesas. No começo, se precisarem, eu posso ajudá-las.
Acreditem, é um
excelente negócio para Renato. Ele não vai te despesas com a casa, vocês vão
cuidar bem dela, que eu sei, e quando ganharem muito dinheiro poderão propor um
aluguel a ele.
E então? Aceitem. Quero tê-las como vizinhas.
As duas entreolharam-se
indecisas. Era uma mudança grande.
- Jacira, lembra-se do que LÃdia nos disse?
- Sim. Ela nos disse que
nossa vida iria mudar.
- E que terÃamos sucesso em
nossos negócios.
- Foi mesmo.
- De quem estão falando?
Jacira falou-lhe sobre LÃdia e da visita na casa
dela.
- Nesse caso não há por que duvidar. A vida está
lhes dando essa oportunidade e não podem perder.
As duas entreolharam-se,
olhos brilhantes d emoção, e Jacira respondeu animada:
- Estou tentada e pensar... Vamos fazer as contas
para saber se teremos como fazer frente às despesas.
- A casa é grande e vocês poderão morar lá também.
Economizarão o aluguel.
- Margarida poderá, mas eu não.
- O ideal seria que você
também fosse. Lá há espaço para você também.
- Meus
pais não concordariam.
- Você
não tem mais irmãos?
- Tenho
dois, que há anos foram embora e sumiram no mundo.
Meus pais estão sozinhos e
eu os ajudo como posso.
- O
pai dela é aposentado, ganha pouco e Jacira é quem paga a maioria das despesas.
Bem que eu gostaria que ela fosse morar comigo!
- Para
mim seria um prêmio! Ficar longe das reclamações de mamãe, não precisar mais
ficar pendurada em um ônibus lotado e, além do mais, estar em companhia de
Margarida, do Marinho.
- Foi
pensando nisso que eu sugeri que morassem juntas. Pense em você, Jacira, no
seu bem-estar. Seu trabalho renderia muito mais e você estaria mais
bem-disposta.
- De
fato, eu adoraria. Mas não sei... mamãe ficará sozinha!
- Ela
tem seu pai, depois você poderá ir vê-la sempre que quiser e ajudá-la como
sempre fez.
- Meu
pai começou a trabalhar no bar de um amigo dele. Ela reclama que fica muito só.
- De
qualquer forma, você também trabalha e não pode fazer-lhe companhia. Mas estou
certa de que sua situação financeira vai melhorar e então poderá contratar uma
pessoa para ajudá-la nos trabalhos domésticos e fazer-lhe companhia - sugeriu
Ester.
- Que ideia boa! - exclamou Margarida.
Jacira
estava hesitante, mas seus olhos brilhavam emocionados. Não sabia o que dizer.
- Vamos
combinar o seguinte: durante esta semana estarei muito ocupada com a mudança,
a decoração da casa de Renato e tudo o mais. Mas daqui a quinze dias, virei
buscá-las para que conheçam Renato e a casa. Enquanto isso, vocês pensem,
façam as contas, imaginem o sucesso que farão.
- Tem
certeza de que o dr. Renato vai nos ceder a casa e nós só vamos pagar o imposto
predial? - indagou Jacira.
- Sim.
Quando voltar aqui lhes direi qual o valor do imposto. Mas já adianto que se
vocês no começo não puderem dispor do dinheiro, eu vou ajudá-las.
- E se
nós não tivermos sucesso? - perguntou Margarida.
- Tenho
certeza de que vocês vão pagar esse imposto, todas as despesas e ganhar muito
dinheiro. Eu mesma vou mandar-lhes muitas clientes. Terão tanto trabalho que
logo precisarão contratar funcionárias.
- Isso
já está acontecendo - informou Jacira. -Temos até uma moça em vista.
- Eu
não disse? - exclamou Ester satisfeita. -É isso mesmo! Agora preciso ir. Ainda
tenho muitas coisas para fazer hoje.
As
duas a acompanharam até a porta, despediram-se, e Ester afirmou:
- Daqui
a quinze dias virei buscá-las rumo à nova vida!
Depois
que ela se foi, as duas entraram comentando a novidade.
Margarida estava
entusiasmada com a ideia de
levar Jacira para morar com ela na nova casa.
- Não
sei se poderei deixar meus pais...
- Você
não vai abandoná-los. Ao contrário. Poderá dar-lhes uma vida melhor.
- Sabe
o que estou pensando?
- Não.
- Se
eu morasse no local do trabalho, teria um tempo livre para fazer aquele curso
de modelagem industrial.
- Seria
o máximo. Você iria se atualizar e, quem sabe, mais tarde poderÃamos montar uma
confecção.
- Vamos
fazer nossas contas, saber se temos alguma possibilidade de aceitar a oferta
de Ester.
Passava
das quatro da tarde quando Jacira voltou para casa e encontrou Geni mal-humorada:
- Você
disse que viria para irmos ao mercado, fiquei esperando desde o meio-dia.
- Eu
disse no fim da tarde. Podemos ir agora.
- Você
sabe que eu não gosto de ficar na rua depois do escurecer. É perigoso!
- Vai
dar tempo para tudo. Depois, para acontecer uma coisa ruim não depende da
hora.
Jacira
notou que Geni tinha
se arrumado, vestira uma saia preta guardada para ocasiões especiais, que nunca
usava e já estava fora de moda, e uma blusa um tanto apertada na altura da barriga.
Elas
saÃram e Geni perguntou:
- Vamos
só ao mercado?
- Não.
Primeiro vamos a uma loja que eu conheço. Você está precisando de roupas.
- Esta
blusa está um pouco apertada, mas a saia está boa.
- Está
fora de moda. Vamos comprar alguma coisa mais moderna.
Geni olhou-a admirada:
- Não
é melhor guardar o dinheiro para pagar as contas?
- Não.
Vou gastar só o que posso. Caminharam um pouco e Jacira notou que Geni
tinha
dificuldade para andar. Andaram três quadras e ela reclamou:
- Vamos
devagar. Eu não deveria ter saÃdo de casa. Estou com falta de ar.
- Era
de se esperar. Você vive sentada, deitada, não anda! Se continuar assim vai
acabar ficando inválida!
- Você está agourando! Não vou ficar inválida, não!
- Então,
trate de andar, não reclame. Estamos perto.
Chegaram à rua comercial do bairro e Jacira
parou diante de uma loja de roupas.
- É
aqui. Vamos entrar.
Elas
entraram e Geni procurou
logo uma cadeira e se sentou. Jacira conversou com a balconista e ela trouxe
alguns vestidos tamanhos especiais. Geni tinha engordado.
Depois de olhar os preços,
Jacira separou dois para Geni provar. Ela nunca se lembrava de ter ido a uma
loja com a mãe para fazer compras.
Geni observava tudo sem se
levantar. Jacira separou duas saias e duas blusas e levou tudo para o provador
chamando Geni.
Ao entrar e ver as roupas
que Jacira tinha separado, ela disse baixinho:
- Tem certeza de que tem dinheiro para tudo isso?
- Nós não vamos comprar tudo. Você vai vestir e
escolher o que lhe agradar mais.
Quando Geni tirou a blusa, Jacira notou que suas
roupas Ãntimas estavam em péssimo estado. Ela precisaria de um guarda-roupa completo. Infelizmente, não tinha dinheiro para
tanto.
Os olhos de Geni brilharam
quando ela vestiu uma saia marrom e uma blusa verde. A saia era elegante e a
blusa caiu-lhe muito bem.
Depois,
experimentou um vestido azul, que fez Jacira comentar:
- Esse ficou lindo!
Geni passou as mãos nos
cabelos, revirando-se diante do espelho.
- Estou velha - comentou. - O tempo passou e eu nem percebi.
- Está na hora de cuidar mais de você.
- Bem que eu gostaria. Mas
somos pobres. Não temos como.
- Não diga isso. Você só
fala em pobreza. Temos que falar em riqueza.
- Não vou me iludir. Quem
nasce pobre, morre pobre.
- Pois de hoje em diante,
você está proibida de dizer isso. É até um pecado. Você está viva, lúcida, e
por mais que se diga doente, tem uma saúde de ferro. O que você precisa é olhar
as coisas boas que têm na vida e agradecer a Deus. Vamos ver o que vai dar para
levar.
Jacira levou o vestido, a
saia e a blusa que tinham separado e foi conversar com a balconista. Ela não
queria fazer crediário.
Conversou e conseguiu
comprar tudo com o dinheiro que tinha reservado.
Geni estava assustada. Há
muitos anos ela não entrava em uma loja e comprava coisas para si.
- Agora, vamos ao supermercado.
estavam gastando. Mas se
confundia. Ao chegarem à padaria do mercado um cheiro gostoso de pão fresco as
envolveu.
Jacira escolheu alguns
pães e também uma rosca doce, coberta com açúcar cristal e uva-passa, cujo
aroma estava delicioso. Geni não aguentou:
- É melhor fazer as contas. Você tem dinheiro para
tudo isso?
Há muito tempo Geni não
saÃa para fazer compras. Jacira comprava o essencial e Aristides pagava as
contas de luz, água. Quando faltava alguma coisa ela ia ao mercadinho do
Rubens, ao lado de sua casa, e comprava na caderneta, sempre com medo de que no
fim do mês não tivessem dinheiro para pagar.
- Tenho, mãe.
- É melhor verificar.
Jacira sorriu e respondeu:
- Eu já lhe disse que estou ganhando mais e nosso
negócio está prosperando. Pode acreditar.
Pegado ao mercado havia
uma drogaria, Jacira entrou, comprou alguns produtos simples de higiene e maquiagem. Ao conferir o dinheiro, comprou também uma água de colônia de rosas.
- Esta é para você. Veja como é cheirosa!
Ela estava se divertindo
com a cara assustada que Geni fazia, mas ao mesmo tempo percebeu o quanto elas
tinham estado à margem, sem poderem cuidar-se.
Estava anoitecendo quando chegaram em casa, carregadas
de pacotes. Ajudando a mãe a colocar as compras no lugar, ela se sentiu
satisfeita e intimamente prometeu a si mesma trabalhar muito para terem uma
vida melhor.
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